quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Exposição notável, essa do Postal Antigo de Barcelos, que em boa hora pude admirar: imagens diversas de um Barcelos não muito antigo, se o compararmos com o de uma História de séculos. Imagens de um Barcelos vivo e nítido, que nos fala de casas antigas, velhas igrejas, praças e ruas.

Um Barcelos humanizado e alegre nos trajes das lavradeiras, nas imagens colhidas no amplo Campo da Feira, povoado de ruralidade, não só nesses trajes, mas também nos utensílios comercializados, nos animais, no jeito de as mulheres sobraçarem o delicado açafate ou o estimado cesto de cana, cesto de feirar.

Imagens várias de um Barcelos citadino e rural: histórico e pitoresco. Imagens várias de gente vária, que em Barcelos deixou nome. Imagens também de um Barcelos quase bélico, do tempo em que em Barcelos havia um quartel, e do monte (creio que da Franqueira), naquele tempo nu e escalavrado, a servir de palco às manobras militares, às ordens de El-Rei D. Carlos.

Na verdade Barcelos, senhora de um património cultural e histórico notável, está a demonstrar publicamente querer valorizar ainda mais esse património patenteando-o, devidamente protegido, aos olhos de quem o deseje admirar. Já assim aconteceu, em circunstâncias semelhantes, num passado ainda recente, noutras exposições igualmente trabalhosas e pacientemente montadas, que antecederam esta, como foram por exemplo a da “Imprensa Barcelense” e a da “Arqueologia”, esta com a particularidade louvável de ter saído dos muros da cidade para se instalar num meio rural, levando assim esta forma de cultura a quem, por razões atávicas, a não procurou.

Mas voltando ao tema que é a exposição do postal antigo de Barcelos, não posso deixar de aqui salientar a série de conferências enriquecedoras, e sempre oportunas, em eventos culturais deste género.

Eventos que só resultam se o entusiasmo, o gosto pelo que se constrói, e o dinamismo estiverem presentes na sua concepção e realização. E parece que ninguém poderá duvidar de que esta exposição resultou, não para despertar um saudosismo lamechas mas, antes, para que todos nós, que olhamos essas imagens do passado, possamos reflectir melhor sobre este presente que é nosso e o futuro que nos espera.

Essas imagens, que não hesito em classificar de documentos preciosos, irrefutáveis, autênticos. Pedagogicamente valiosos também.

Que mais acrescentar?

Crónica publicada no Jornal de Barcelos de 23-6-1994

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