quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cambeses Nova Era

Como já se verificou, este é o novo título de uma série de crónicas já iniciada, do qual consta, como sempre, o nome Cambeses, o que não impede que o tema a desenvolver seja mais abrangente e que aborde, portanto, outras terras, muito em especial Barcelos, o Barcelos actual, onde alguns tentam, esforçadamente, abrir caminho por entre o emaranhado matagal da indiferença e até, por vezes, da incompreensão.

Portanto, e antes de referir diversos eventos que, em prol da Cultura, estão a ser levados a cabo, não se pode deixar de evocar a obra desenvolvida pelo pelouro da cultura no último mandato, durante o qual, se mais não houvesse, bastaria salientar os esforços despendidos nessa gigantesca e utilíssima obra que foi dotar a cidade de uma biblioteca moderna, funcional e exemplar, e salientar igualmente, a par de outros eventos, o congresso “Barcelos Terra Condal”, muito bem organizado e participado por estudiosos de todo o país e o qual, dada a sua amplitude, deixou marcas profundas na história da cultura barcelense, marcas que muito dificilmente se apagarão, porque os livros das atas, com pontualidade rara, aliada a um grande cuidado gráfico, excepcionalmente bem executado, aí estão à disposição de quem os queira consultar.

Claro que obras destas passam quase despercebidas, ao contrário do que acontece com a inauguração dessas aparatosas obras de betão, que é o que certos autarcas mais gostam de mandar executar, porque é o que mais dá nas vistas.

Embora não se negue a utilidade de obras desse género, não podemos deixar de salientar a importância dos estudos do passado desta terra, a que o Congresso deu força, porque, como já alguns têm afirmado “é estudando o passado que melhor se poderá entender o presente e programar o futuro”. Claro que a cultura não deve ser exercida apenas a nível de elites, e a cultura popular de Barcelos com certeza que também não foi descurada nesse último mandato.

Mas passando ao novo pelouro da cultura, forçoso é dizer que se verificou já um novo estilo, numa nova forma de servir a cultura, ou seja, levá-la mais insistentemente até outras camadas que não serão propriamente as dos denominados “intelectuais” mas sim ao grande público.

Assim, e nos últimos tempos, tem-se assistido ao anúncio e concretização de toda uma série de eventos, ao alcance do grande público, nomeadamente os incluídos no programa “Memórias do século XX”, dos quais quero destacar, porque inéditos em Barcelos, os passeios denominados “Roteiro Cultural – Conhecer Barcelos”, a par de exposições como as de imagens de “Santiago em Barcelos”, na qual esteve presente a imagem de Santiago que em Cambeses se venera. Outras exposições houve, das quais se destaca a exposição de escultura e cerâmica, entre outras.

Isto, e as “Primeiras Jornadas de Olaria”, e as “1ªs Jornadas de História Contemporânea – Portugal no Estado Novo”, sem esquecer a contínua dinamização da biblioteca, com aproveitamento do seu auditório, onde têm tido lugar diversos eventos, o que prova que a biblioteca municipal não é apenas um lugar onde se requisitam livros e se lêem os jornais da região e pouco mais. De salientar ainda o “XV Festival de Teatro Popular”, “Encontro de Poetas Populares”, a criação de um prémio literário, etc., etc..

Evidentemente não vou citar nomes, porque é sempre delicado enveredar por aí, pois corre-se o risco de omissões. Diria antes que é toda uma junção de esforços que, mesmo tendo por vezes alguma razão para desânimos, nunca esta equipa se dá por desanimada porque, vê-se, gosta do que em prol da cultura está a fazer. Daí o seu inegável sucesso.


Crónica publicada no Jornal de Barcelos de 10-2-2000

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