quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Há algumas dezenas de anos, não muitas, li uma notícia que, apesar de simples, me deixou perplexa: a de que, em certos países da Europa, já altamente industrializados, se vendia água simples, como a da fonte de Bouçó, em garrafas. Eu, que só conhecia, comercializadas deste modo, as águas medicinais, encarei isto como algo jamais aceitável na nossa terra. Mas não tardou muito que isso viesse a acontecer.

Porém, para quem vive em Bouçó, ainda hoje não há necessidade de adquirir essa água, que não me parece melhor que a que, continuamente, jorra na velha fonte do lugar. Mas… Há sempre um “mas”. Alguém que se considera bem informado (alguns, diria melhor) vieram falar-me de ameaças sérias que parecem pairar sobre as águas desta parte da freguesia. E, a ser verdade , não há dúvida que ali acontecerá mais um dos pequenos desastres ecológicos, se esse empreendimento de que me falaram for autorizado. Um empreendimento altamente poluente, como o são, geralmente, as grandes explorações industriais de pocilgas, aviários ou vacarias. Não faltam exemplos de revolta popular, dos quais os media dão notícia, problemas difíceis de resolver, porque já instalados. Por aqui ainda nada disso aconteceu. Mas, sem dúvida que, a acontecer em Bouçó, será o adeus às boas águas da nossa fonte, dos nossos poços, dos nossos pequenos fios de água.

Mas, quanto a este hipotético problema de que me vieram falar, ninguém se mostrou muito disposto a concordar comigo e responderam-me, evocando, com desencanto, alguns exemplos que por aqui parece que vão acontecendo. E mais não me disseram nem me explicaram.

Que o tente averiguar quem disso tiver obrigação, porque profissionalmente preparado.

Crónica publicada no Jornal de Barcelos de 4 – 7 – 1996

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